Giulio Lorenzoni – testemunha da emigração
O homem e a família
Giulio Lorenzoni nasceu numa fração da cidade de Maróstica, Vilaraspa, na Itália e veio para o Brasil, com sua família, seus pais e dois irmãos. Na época da emigração, 1878, ele tinha catorze anos. O navio que os trouxe, chamado "Colombo", aportou primeiro na ilha de Santa Cruz, perto de Florianópolis, depois vieram para o Rio Grande e se estabeleceram no núcleo que é hoje a cidade de Silveira Martins. Ele casou-se muito jovem, com Josefina Righesso, também filha de emigrantes e trabalhou na construção da estrada de ferro que passava por Santa Maria.
O trabalho
Quando lhe faltou trabalho, porque as obras da estrada pararam, mudou-se para Bento Gonçalves, então, a Vila Dona Isabel, fundada por colonos tiroleses. Aqui, seguiu todas as etapas do crescimento da cidade. Primeiro, como professor dos filhos dos imigrantes na Escola Italiana, depois como agente dos correios e, finalmente, como Oficial do Registro Civil, quando da Proclamação da República em 1889. Permanecendo no cargo até o início da década de 1930, data de sua morte.
A imprensa
Em 1910, portanto, há mais de um século, com o Dr. Casagrande, o Dr. Batocchio e outros pioneiros fundou o primeiro jornal em português e italiano, "Il Bento Gonçalves". Eles queriam reunir esforços e trabalhar no interesse dos moradores daqui. Quando de sua viagem à Itália, em 1913, apesar de todas as promessas que lhe haviam feito, o jornal passou para outras mãos e não prosperou.
O escritor
Como testemunha da viagem e do desenvolvimento das comunidades, constituídas pelos integrantes das levas de imigração, Lorenzoni deixou suas memórias que se constituem num dos mais preciosos documentos da História de Bento Gonçalves. Citadas em todos os eventos em que se celebra e se estuda a imigração italiana no Rio Grande do Sul. A narrativa emocionante de sua viagem por mar, da Europa para o Brasil é um documento histórico que conta o que aconteceu até 1915. Lorenzoni não teve tempo de reconstruir a História mais adiante. Deixou o manuscrito em três cadernos grandes, que são as três partes em que se divide a obra. A primeira edição foi editada, em 1975, por ocasião do Centenário da Imigração Italiana. Na edição bilíngüe a sair, apresenta-se, no mesmo volume, o texto original tirado dos manuscritos e a tradução em vernáculo.
Fonte: Padre Aldo S. Lorenzoni
No próximo dia 19 de maio, será lançado o livro Giulio Lorenzoni - Memórias de um emigrante italiano, em edição bilíngue, na 26ª Feira do Livro, às 18 horas, na Praça Centenário, em Bento Gonçalves.