A beleza bucólica de Santa Tereza já
é cenário de filme. Uma trilha repleta
de natureza, montes e narrativas. Compartilho com você, leitor, uma história de
religiosidade e fé, que transformou um vilarejo num pedacinho de céu.
A Linha
Dolorata está situada entre os municípios de Monte Belo do Sul e Santa Tereza, a
qual pertence. A quietude e a paisagem com os parreirais sem folhas deixam
claro que a estação é inverno. Após uma
noite chuvosa, fazer uma caminhada pela localidade foi possível graças à reposição
de energias, após o café e o pão caseiro com as chimias preparadas por Dona
Rosalina Favero, moradora do local.
Nosso
destino: a Igreja de Nossa Senhora das Dores.
É uma
construção recente, tendo na fachada, uma imagem da referida santa, ladeada por
muito verde e um campanário de madeira. O sino data de 1905 e seu som reverbera
pelas encostas, aos domingos para comunicar às pessoas que a bodega já está
aberta e que o terço não tardará – todos os domingos rezam o terço na igreja -
ou quando tem missa, há mais de 100 anos.
Conforme
Rosalina, também costumava-se tocar o sino para uma nota fúnebre e todas as tardes na hora da ave-maria. Os
descendentes de italianos trouxeram na bagagem a religiosidade. As rezas eram
feitas debaixo de uma árvore, utilizando-se
como símbolo de fé uma relíquia da Santa Cruz . Em 1914, foi construída a
primeira igreja. Quem rezou a missa inaugural foi o padre Luis Gulieci.
Foi um fim
de semana dedicado a ouvir narrativas de perseverança, entre elas a trajetória
do casal Oly e Rosalina Fávero, e a deliciar-se com as compotas de figo e o
doce de abóbora. Conforme o casal, a partir de 1970, foi construído um salão
comunitário, usado por muitos anos como igreja.
“Meu marido
Oly e eu pensamos em arrecadar fundos para construir uma nova igreja,” diz
Rosalina.
Eles
passaram de casa em casa. Também receberam ajuda de pessoas que nasceram ali e,
hoje, residem em outros lugares. “Na hora, pareceu uma coisa impossível e, nem nos
atrevemos a levar a conversa adiante. Mas numa noite, creio que os anjos devam
ter ouvido a conversa, e, como um aviso, sonhamos e vimos a igreja sendo
construída.,” relata o casal.
No dia seguinte, resolveram que esta ideia,
não sabiam como, pois dinheiro a comunidade não tinha, seria levada adiante. Todos
acreditaram que seria possível e sem medir esforços ajudaram doando valores,
tijolos, janelas. “Depois dessa data, com certeza, essa comunidade não foi
mais a mesma”, acrescenta Fávero.
Tudo estava voltado para a construção da
Igreja. Os fabriqueiros do ano de 2001, data da inauguração, foram o Jaime e
esposa, Francisco e esposa e o Oly e esposa.
Conforme
o relato, foram realizadas festas, solicitações de doações, jogos de futebol, enfim,
arrecadação de fundos para que pudessem realizar o grande sonho.
No dia 29 de julho de 2001, foi dado início a construção da Capela
Nossa Senhora das Dores, com a bênção da pedra fundamental.
O
terreno onde a igreja foi construída foi adquirido do casal José e Iris
Battistella.
A
igreja começou a tomar forma. A.
comunidade mostrou a força da união e da fé.
No próximo dia 23 de setembro, será realizada
a festa em honra a Nossa Senhora das Dores. A expectativa é de reunir 400
pessoas.
Na
tarde de domingo, várias moradoras se reuniram para rezar o terço. E, como é
costume no interior, os homens passaram algumas
horas no salão participando de jogos típicos. Encerrando esse encontro, um café
da tarde com bolo e uma carona até Monte Belo do Sul para pegar o ônibus,
mostraram que a Dolorata é assim: boa gente, paisagens, religiosidade. Não tem
como não se apaixonar.