Amo minha cidade. Faço uma declaração de amor a suas ruas, seus vales, seus morros. Amo o lugar onde nasci e cresci. Boa vizinhança, bons amigos, a base forjada pelos trajetos entre a casa dos avós e as brincadeiras na rua. Sim, jogávamos vôlei na Rua Silva Paes, a, hoje, movimentada entrada da cidade. Lá também brinquei de boneca, de caçador e no parquinho do Clube Ipiranga. Chamei o Seu Davide aos berros, do outro lado, na praça, para que ele, ou o Seu Dartora, vendessem picolé, maria-mole ou pipoca. A Praça era das rosas. Declaro meu amor à Praça das Rosas. Bem sei a vontade que passei de "furtar" as flores dos canteiros. Mas, a frase de ordem de meus pais ainda ecoa: as rosas são de todos. E, Bingo!!! Parece que vão voltar a ser de todos. Nesse entorno, presenciei os primeiros beijos da minha amiga Valéria e ajudei minha amiga Neusinha no bar do pai dela. Fiz meus primeiros pacotes de presentes na livraria de meu pai.
O jornalista Gustavo Bottega deu um apelido um tanto inusitado a minha Bento Gonçalves: Bentópolis. Adoooro! E, alguns desavisados tuitaram Bentodepressão. Ai, que dó, que dó, que dó!
Sabe-se que há reclamações de todos os lados, os jovens dizem que não há espaço para eles, e os demais dizem que só há espaço para jovens.
Alguns barzinhos, algumas danceterias, algum espaço para o esporte...é o que temos para o momento.
Li em algum lugar : Bento está em coma e está mais para Velho Oeste do que para " um pedaço da Europa no Brasil". Menos! Parecem comentários óbvios. Mas, mesmo assim, reforço minha paixão pelas cantinas nos caminhos, pelo envolvimento que me causou ver meu nonno fabricar um barril, ou eu mesma, empalhar um garrafão. Sim, os garrafões eram envoltos em palha.
Era tão bom, sentar-se no porão da Dona Santina e empalhar garrafões, em troca de um pagamento de valor inestimável.
A chiadeira é por falta de ter aonde ir? É por não haver locais que atendam em horários diferenciados, é por não haver bancos nas praças e nem lugar para lazer?
Mesmo assim, declaro meu amor às tuas esquinas, tuas escadarias, tuas igrejas, minha Bento Gonçalves.A minha declaração de amor à minha cidade inclui ainda os sinos a badalar ao meio-dia . Amooo de paixão!! E o apito da maria-fumaça, anunciando um passeio que se parece com essa crônica: um mix de ontem, hoje e o que vier por aí.
A Bolichelândia
Acervo de Itacyr Giacomello |