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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A música de Ana

Graças a meu pai, fui apresentada cedo ao mundo das letras, dos livros e dos filmes. Ele era tipógrafo e linotipista da Gráfica Bento Gonçalves e nos finais de semana, rodava filmes no Cine Popular.Em casa, não nos furtava de coleções, enciclopédias e revistas. Meu pai, um homem inteligente, teve seus ideais e seus sonhos, nada levou, deixou seu legado em livros e discos long-play.
 Os discos não sei onde foram parar. Os livros , em acordo com meus irmãos, doei para a Biblioteca Castro Alves. Segurei pra mim, as relíquias. Assim, lembro bem dos discos do Coral bento-gonçalvense e de Ana Maria Mazzotti. Agregue-se a isso, o fato de meu progenitor ser também do departamento social do Clube Ipiranga. Daí, conheci Ana, Roberto Carlos, Angela Maria, Gretchen ( isso mesmo, Gretchen esteve em Bento). Detenho-me aos bailes com Àrpege, Impacto e Desenvolvimento- conjuntos- hoje, minha filha e meu colega  Gustavo Bottega diriam - bandas.
Aproveitei a história musical de minha cidade, no meio do salão, dançando. Talvez, por isso, a saudade tenha batido forte, no lançamento do documentário sobre Ana Maria Mazzotti, dia 25 de setembro de 2012, na Sala de Cinema da Casa das Artes.
Eu vivi pra ver...
Palco e platéia: um arraso
  

Jose Stefanon, diretor do curta-metragem "Eu sou mais eu", Carlinhos Pozza, ex-colunista social e euzinha

Também, sinto-me viva ao conversar com o Sr. Pértile, último pracinha , morador de Bento, que às vésperas de completar 93 anos, fez pose comigo na foto. Detalhe: deixou a bengala de lado, para ser clicado. Energia que passou para as gerações que estavam assistindo ao curta-metragem sobre a vida dele- Tcheco.
Tcheco -uma figuraça
Enveredei 
pela cultura,
por laços, 
por livros, 
por retratos,
 por compassos.
Bem disse, meu amigo Bacca, no desfecho do documentário " Eu sou mais eu": " Bento não deu o tempo necessário para Ana." 
Bento não soube esperar por ela. Não foi preciso, ela transcendeu ao tempo.
Esses estavam juntos na 2ª Guerra Mundial, hoje, estão no meu blog!!!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Cenário de filme


A beleza bucólica de Santa Tereza já é cenário de filme.  Uma trilha repleta de natureza, montes e narrativas. Compartilho com você, leitor, uma história de religiosidade e fé, que transformou um vilarejo num pedacinho de céu.
A Linha Dolorata está situada entre os municípios de Monte Belo do Sul e Santa Tereza, a qual pertence. A quietude e a paisagem com os parreirais sem folhas deixam claro que a estação é inverno.  Após uma noite chuvosa, fazer uma caminhada pela localidade foi possível graças à reposição de energias, após o café e o pão caseiro com as chimias preparadas por Dona Rosalina Favero, moradora do local.
Nosso destino: a Igreja de Nossa Senhora das Dores.
É uma construção recente, tendo na fachada, uma imagem da referida santa, ladeada por muito verde e um campanário de madeira. O sino data de 1905 e seu som reverbera pelas encostas, aos domingos para comunicar às pessoas que a bodega já está aberta e que o terço não tardará – todos os domingos rezam o terço na igreja - ou quando tem missa, há mais de 100 anos.

Conforme Rosalina, também costumava-se tocar o sino para uma nota fúnebre  e todas as tardes na hora da ave-maria. Os descendentes de italianos trouxeram na bagagem a religiosidade. As rezas eram feitas  debaixo de uma árvore, utilizando-se como símbolo de fé uma relíquia da Santa Cruz . Em 1914, foi construída a primeira igreja. Quem rezou a missa inaugural foi o padre Luis Gulieci.

Foi um fim de semana dedicado a ouvir narrativas de perseverança, entre elas a trajetória do casal Oly e Rosalina Fávero, e a deliciar-se com as compotas de figo e o doce de abóbora. Conforme o casal, a partir de 1970, foi construído um salão comunitário, usado por muitos anos como igreja.
“Meu marido Oly e eu pensamos em arrecadar fundos para construir uma nova igreja,” diz Rosalina.
Eles passaram de casa em casa. Também receberam ajuda de pessoas que nasceram ali e, hoje, residem em outros lugares. “Na hora, pareceu uma coisa impossível e, nem nos atrevemos a levar a conversa adiante. Mas numa noite, creio que os anjos devam ter ouvido a conversa, e, como um aviso, sonhamos e vimos a igreja sendo construída.,” relata o casal.
 No dia seguinte, resolveram que esta ideia, não sabiam como, pois dinheiro a comunidade não tinha, seria levada adiante. Todos acreditaram que seria possível e sem medir esforços ajudaram doando valores, tijolos, janelas. “Depois dessa data, com certeza, essa comunidade não foi mais  a mesma”, acrescenta Fávero.
 Tudo estava voltado para a construção da Igreja. Os fabriqueiros do ano de 2001, data da inauguração, foram o Jaime e esposa, Francisco e esposa e o Oly e esposa.
Conforme o relato, foram realizadas festas, solicitações de doações, jogos de futebol, enfim, arrecadação de fundos para que pudessem  realizar o grande sonho.
No dia 29 de julho de 2001, foi dado início a construção da Capela Nossa Senhora das Dores, com a bênção da pedra fundamental.
O terreno onde a igreja foi construída foi adquirido do casal José e Iris Battistella.
A igreja começou a tomar forma.  A. comunidade mostrou a força da união e da fé.
 No próximo dia 23 de setembro, será realizada a festa em honra a Nossa Senhora das Dores. A expectativa é de reunir 400 pessoas.
Na tarde de domingo, várias moradoras se reuniram para rezar o terço. E, como é costume no interior, os homens passaram algumas horas no salão participando de jogos típicos. Encerrando esse encontro, um café da tarde com bolo e uma carona até Monte Belo do Sul para pegar o ônibus, mostraram que a Dolorata é assim: boa gente, paisagens, religiosidade. Não tem como não se apaixonar.