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domingo, 30 de outubro de 2011

Do matinê ao DVD

O primeiro filme a que assisti no matinê do Cine Ipiranga foi " O calhambeque mágico". Até onde me recordo, o tal calhambeque alçava voo. E eu, admirada, segui pelos ares, no gosto pela cultura, filmes e livros. Entre o advento dos dvds e blu rays, estão os clássicos: Romeu e Julieta, Love Story, Inferno na Torre, Girassóis da Rússia e Último Tango em Paris ( este último só vim a ver, anos depois, pois era proibido para menores. Pode? Podia. Era assim que era. Tive a sorte de ver o clássico dos clássicos: E o Vento Levou, no mezanino do Cine Marcopolo, portando balinhas de goma e acompanhada. Os Embalos de Sábado à Noite, assisti em um sábado, à caráter, como mandava o figurino, com minha irmã à tiracolo. A saga " Rambo", nos domingos, como era de praxe, namorar. Foi numas férias de verão que, minha tia convidou-me para ver Tubarão, em um dos cinemas mais populares da capital. Não sem antes, me preparar o espírito: não vai te assustar. Era assim que era. Imagine, em Os Pássaros, o que ela haveria de dizer. E disse: é um suspense.
Vivendo esse meio-tempo, da liberdade que nunca viria, os filmes brasileiros, famosas pornochanchadas, aguçavam a curiosidade dos adolescentes da época. Minha turma do terceiro ano noturno do Colégio Estadual Mestre, teve uma ideia , digamos, brilhante: matar aula. Para assistir a Vai trabalhar, Vagabundo, no Cine Aliança.
O intento se concretizou e, eu, num misto de remorso e ansiedade, nem lembro bem da narrativa.
Mas, foi em Império dos Sentidos , que passei mal e, confesso, nunca entendi bem, se foi ousadia dos criadores ou ingenuidade minha, mesmo?? Agora em, ET, até me emocionei e Spielberg levou-me ao cinema acompanhada de minha mãe. Dá-lhe Spielberg.
Nos anos 80, entre mamadeiras, vieram os infantis: a cena do espaguete da Dama e o Vagabundo assisti com meus filhos.
A tragédia do maior transatlântico do mundo, Titanic assisti na vizinha Caxias. Os cinemas em Bento haviam fechado. Um deles reabriu, alguns anos depois, para exibir O Quatrilho. Porém, foram dez anos sem cinema. Ai!!
Passamos a primeira década do Século XXI e, até agora, admiramos a obra - 2001- Uma Odisséia no Espaço-  sabe-se muito pouco sobre Vênus como queria sugerir a fita, mas da trilha sonora, ninguém esquece.
Quando da inauguração dos cinemas no shopping fui convidada a ver Pearl Harbor.
Em família, na sala: O Gladiador, Tróia, Piratas do Caribe, Uma Linda Mulher e muitos outros.
Entre o matinê  e o blu ray, histórias e emoções fantasiosas ou reais. Gosto mesmo é de biografias: Coco, antes de Channel.
Só me nego a ver: A Lista de Schindler, Paixão de Cristo e o Exorcista.
Os que merecem bis: Cinema Paradiso, Diário de uma paixão, Do que as Mulheres Gostam, Procurando Nemo, Shreck e o hour-concours: As Pontes de Madison.
Tenho me deliciado com cinema em casa e sozinha. Por vezes, não há mais o que me segure: O tempo não para, Divã, Destinos Cruzados, Cisne Negro...
Do livro " 1001 filmes que você precisa ver antes de morrer":
A guerra das estrelas - o Império contra ataca
Um corpo que cai
ET
O silêncio dos inocentes
Rastros de ódio
Tubarão
O silêncio do lago
Louca paixão
Desafio do além
Como enlouquecer seu chefe...
Os primeiros dez... Me acompanha???





domingo, 23 de outubro de 2011

Solitude

Manhã de domingo - foto: Janete - locação: Ecoland

Sentir um vazio no peito... duvidar de tudo e de todos... sentir solidão...com uma lágrima insistindo em cair...não conseguir esquecer uma certa pessoa durante anos a fio...não esperar pelo que viria...viver em silêncio com os filhos ao redor... pensar que uma transa resolveria... foi assim que vc me encontrou...
Depois vieram os dias claros, coloridos, repletos de palavras, metáforas, poesia. Era o sonho na realidade: a gentileza, a boa educação, o homem culto, o homem homem, o homem misterioso, o homem atencioso. Esperar um telefonema era carregar o celular pra tudo que é lugar, e - para desafiar todos os anos em que passei invisível- o telefone tocava -assim do nada- feito uma manhã de sol chegando de mansinho sobre os montes, matizando a encosta de ouro, prata, rosa, liláses e o verde-claro das vinhas. Acredito em nós, todo o tempo de todos os tempos e todas as eras.
Mas não poderá ser cortado, podado a machadadas, há de se ter esse meio-tempo
há de se ter esse desabafo
há de ser ter manhãs, tardes e noites
há de se ter a força dos dois quererem mudar pra melhor
Palavras sinceras de quem só quer um amor, talvez um amor urgente demais, porém não lamento as lindas frases que brotaram,as belas declarações nunca ouvidas, o envolvimento com o teu mundo e com o meu mundo
Não se vá feito fumaça
quero ainda poder senti-lo, não como despedida, mas como o vulcão em que me transformei cheia de fé, paz, autoestima, amor pra dar, pra abraçar
Apenas com uma réstia do medo de me machucar 
o que é medo??
Quando te achei, tinha medo de ficar sozinha em casa lembra?
Qualquer ruído me exaltava, até isso passou ao teu lado.
Você conseguiu a transformação da mulher
O que desejar mais?

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Bendita comunicação

            “ Se quebrar, considere comprado.” Quem em sã consciência sai às compras para ser brindado com uma frase dessas. Esse  recado estava fixado em uma prateleira de uma loja, onde não há atendentes, e por isso, temos  liberdade na escolha do produto desejado . Quem de nós, algum dia, não se aventurou pelos deslizes dessas bagatelas e teve um destes arroubos de consumismo. Ficar por horas circulando...
              O que dizer então destes supostos avisos ou frases de efeito, como queiram?
                Proibido entrar na loja com sorvete. Proibido folhear as revistas.  Bata e aguarde ser atendido. Não aceitamos cheques. Não trocamos mercadorias provadas na loja. Não fale com o motorista. Não trocamos merdadorias aos sábados. Não trocamos peças íntimas. Não aceitamos cartões...  motivo: aparelho quebrado. Não haverá condicional em dezembro. Recebemos maiôs para senhoras. Não empurre a gaveta, poderá cortar os dedos da recepcionista. E por aí vai. Como isso pode ter sobrevivido à era da informação?
 Não se sabe, está aí, a transitar, de carona, num processo de comunicação falível, no centro consumidor de uma cidade, que quer ter atrativos turísticos.
                   Todos somos comunicadores. Queremos compartilhar com o outro o nosso mundo. É fato. É uma necessidade. Caso contrário, não viveríamos em grupos. E é isso que determina  nossa maneira de ser. Em nossa vida, mais da metade das horas que passamos acordados são gastas em comportamentos de interação.
           Temos capacidade de ser cada vez mais eficientes. Só precisamos cumprimentar, sorrir, conversar (bem) e, principalmente, nos beneficiarmos da sensibilidade que Deus nos deu. E do bom-senso, claro. 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Arco-íris sobre Bento Gonçalves

Te amo, Bento Gonçalves
Arco-íris sobre Bento Gonçalves
Janete
Amo tuas ruas, teus morros,
tuas escadarias
Já contei os degraus.
Já contei as janelas.
Podem ser estrelas ou
arranha-céus?
Cortam a avenida, os faróis
Mas te quero assim mesmo,
Cidade que me viu nascer.
O atalho forjado a caráter
Até a casa de meus avós,
Me faz ir saltando
pelos dormentes da estrada de ferro.
Vou pelos trilhos
da memória
Para sentir o aroma
 que vem das cantinas
da uva, do vinho.
Amo tuas
praças e videiras.
Tuas azaleias e ipês.
Tuas encostas.
Amo a montanha,
a boa vizinhança
e o vale:
 caminho que tracei
para te seguir.
(121 anos de Emancipação- 11/10/2011 )

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Eu abracei a Keka ou o ápice da degradação humana

O que me levou a abraçar a keka? Seu chamado, do outro lado da rua, a bradar, te amo, te adoro, adoro tuas mãos? E observava minhas mãos... Eu disse:
- Keka, quer um anel? E ela queria, mas o anel não serviu. Ela contentou-se com algo para comer e um real. Vinha com o copo de cachaça na mão, às 9 horas da manhã. Bom, desnecessário dizer, que a cena deplorável, alargava-se ao olhar suas vestes sujas, seus dedos escuros,seu cabelo pra lá de... Tinha sinais de violência.
O que me levou a abraçar a keka?
 Sentimentos bombardeados aos sete ventos...e quase nunca demonstrados?
Cheguei a pedir:
- Keka, larga dessa vida??
Soou patético. Ela entendeu, eu acho. Mas, queria mesmo o real para o crack.
Keka é uma mulher, a obra-prima da Criação, já a vi, sendo escurraçada de comércios no centro, há algum tempo . Agora, parece que convive bem...
Aqui perto de casa, a andarilha keka, projetou seu apê. Em pedaço de terreno, com um muro alto, ela colocou colchão e brinquedos. Diz aí, minha psicóloga...
Vinha à noite, organizar seu apê. Ah, com banheiro. Era ali mesmo, tudo ali mesmo.
Dava-nos sustos. Ao pular o muro, com a agilidade que me faltava. Dizem que era modelo. Mito, lenda??
Pois, é...
Eu abracei a Keka, alguém vai abraçar a causa?

O Bicho

“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem”. Manuel Bandeira

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Jardim secreto da alma

Dizer que a poetisa Ietive Fianco D´Arrigo, 84 anos, é um exemplo de vida, seria fazer uso de um lugar-comum. Ela é vida. Recebeu-nos em sua casa. Fez questão de mostrar as orquídeas, cultivadas em seu jardim, e nos brindou com uma peça musical ao piano. Assim é Ietive.

A escritora homenageada , neste ano, na 15ª Semana da Cultura do Colégio Dona Isabel, tem quatro livros publicados e  participou de vinte e seis antologias. Foi homenageada também na Feira do Livro de Bento Gonçalves, em 2006, e, recentemente, recebeu a Medalha Cultural Machado de Assis, da Academia Brasileira de Estudos Literários do Rio de Janeiro.  No decorrer dessa semana, autografa o livro Poesia do Brasil, volume 13, durante o Congresso Brasileiro de Poesia.
A arte de escrever
A ideia de escrever versos nasceu cedo na vida de Ietive. Natural de Bento Gonçalves, passou sua infância no entorno da rua Marechal Deodoro, onde os pais Ricardo Fianco e Luiza Zanchet Fianco tinham uma loja de ferragens.  Desde criança, dedicou-se à leitura e à escrita, além de declamar poesias, no Colégio Medianeira, onde estudou e lecionou.  Mas, foi, em 2003, que publicou seu primeiro livro: Caminhos.  Depois,  vieram mais três:  Versos ao Entardecer (2005), Rosas e Ventos (2006), Enigmas e Emoções (2008). A receita: falar de flores, amores e lembranças.
Ietive orgulha-se de ter tido como primeiros leitores de seus escritos o marido Lívio Dóglia D´Arrigo (in memoriam)  e as  três filhas: Zênia, Elenise e Beatriz. Para as duas netas: Natália e Louise, ela também já ensinou música. A poetisa conta que, quando se casou, era comum às mulheres dedicarem-se somente ao lar, às lides domésticas e aos filhos. Ela, porém, sempre gostou de ler, de escrever e de música, estudando piano por vários anos.
Ela acrescenta que, hoje, o avanço e a independência que as mulheres conseguiram são positivos, mas elas ainda têm muito pelo que lutar.
Se depender da força de nossa entrevistada, as mulheres irão revelar-se em um mundo de paz, onde o que acontece, ao nosso redor, é transfigurado em metáforas, que vão “desde as dornas tintas de vinho” da região até o lirismo de um amor verdadeiro.
Distinções
A poetisa Ietive recebeu inúmeras distinções literárias, entre elas, a Medalha Cultural Revista Brasília, Medalha Mérito Acadêmico da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias, Medalha Cultural Poetas e Escritores do Brasil. Em 2010, destacou-se em contos e recebeu a Medalha de Prata no VII Concurso Nacional de Literatura.
É membro da Ordem da Confraria de Poetas, da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil e sócia da Associação Lígia Averbuck.
É verbete no Dicionário Biobibliográficodos Escritores de Colonização Italiana no Nordeste do Rio Grande do Sul, organizado por Lisana Bertussi, Cecil Zinani e Salete Rosa Pezzi dos Santos. Também , na Enciclopédia da Literatura Brasileira.
Você acha que parou por aí?
Ietive está finalizando mais uma obra, que já tem título “ Os Traçados da Mente” e será lançada na Feira do Livro de 2012.
Seus autores preferidos são Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Jorge de Lima e Cecília Meireles.

 “ Quero viver a vida,
Abrir os olhos e ver
Sair, procurando por mim
Tenho pressa de viver...”

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Affonso e Marina

Marina Colassanti  e esta blogueira na abertura do 19° Congresso Brasileiro de Poesia em Bento
Eles chegaram silenciosos. Aceitaram as homenagens feitas de poemas e lançaram um olhar sobre a cidade. Que casal é este? Escritores...viajantes...amados...amores
E eles vieram e deixaram um rastro de poesia. Sabedoria, nem se fala!
E eu, jovem e madura, me apaixonei...
Por este texto ( excerto )
O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.

Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza.

Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.

Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.

A mulher madura está pronta para algo definitivo.

Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.

A mulher madura é um ser luminoso é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.

Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.
Affonso Romano de Sant'Anna