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domingo, 26 de fevereiro de 2012

O meu tempo e o meu vento

Uma jovem estudante revelou-me que era "obrigada " a ler Érico Veríssimo. Não estava a fim. O que dizer?
Não existem fórmulas mágicas. Ou você viaja pelo mundo de Veríssimo, ou terá mesmo sempre a mesma cabeça. Como não ler Veríssimo( o pai) ? Um dos mais populares escritores brasileiros e o pioneiro na inclusão de temas do mundo aos temas da " província". Melhor dizendo, a Província de São Pedro.
Aos onze anos, apaixonei-me por " Um Certo Capitão Rodrigo". Pelo livro e pelo personagem marcante. E como não se apaixonar, pelo tipaço, com porte de guerreiro e cheio de " buenas" e, digamos, com pegada.
Minhas tardes adolescentes foram embaladas pelo vento de Ana e Bibiana Terra. Pelo tempo.
Claro que as tardes eram outras, não havia tanto clicar, digitar, curtir, compartilhar. Minha mãe preparava o café. Havia aroma de café no ar. Os relacionamentos eram duradouros. Como não ser?? Aguentava-se tudo.
Era assim.
Ficou a paixão. Pelos livros.
A saga será novamente contada em filme. Rodado no RS. Terei que ser forte!
Original de Érico Veríssimo
Agarrar-me a mim para ver os personagens de uma vida na telona.O meu tempo e o meu vento têm um ciclo de Ro-nans e Bibianas, de começo e recomeço.
Minha mãe estará lá em cima fazendo o café com bolo, tenho certeza.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Habitat

O ano era 1984. O dia 17 de fevereiro. A inspiração: o vale, que ainda não era " dos vinhedos". Era a colônia...
me rendeu menção honrosa no Concurso de Poesias da Prefeitura de Bento Gonçalves. Vinte e oito anos depois, transcrevo aqui, no meu blog, que fez minha criatividade e meu espírito de artista alçarem voo, o poema na íntegra.
Morar no vale
é perpetuar a existência da colheita
é ouvir uma música longínqua
que chega aos ouvidos do tempo
quebrando o ritual da tarde de verão
é desfrutar do silêncio
do tempo da colheita
do fruto aromático e bom
Morar no vale é pisar
em terra fértil
trabalhada por mãos nobres
é ter verde, vinhedos, ventura
e terra-mãe para sentir
Ser ninado pelo dessossego do progresso que chega
nem assim,
ter medo de frutificar
feito parreira
Viver no vale é ter um poeta
morando com a gente
Um poeta que já cantou poemimprovisos*
ou, simplesmente
um novo poeta
que brota verde-claro
por entre a paisagem benéfica
feito vinha.
*Livro de Oscar Bertholdo

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sonho possível

Dá-lhe poeta, onde quer que esteja!!


Queria tanto que essa luz brilhasse tanto 
Sonho realizado...nem que seja por algumas horas
e pudesses enxergar o quanto que eu te amo 
e essa canção falasse apenas as palavras 
que eu não sei falar... prenda linda

Queria tanto que soubesses 
que mais vale essa falsa estrela 
a brilhar no teto, e que meu verso viva apenas 
em função do meu afeto... prenda linda 

Queria tanto que entendesses
que se a luz de todo mundo se apagasse
a minha luz, pequena estrela não, não há de terminar 
enquanto o amor durar... prenda linda. (Prenda Linda- Rui Biriva) 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

As esculturas falam


As esculturas de santos em madeira do artista Dalcir Marcon testemunham a história e a religiosidade da região da colonização italiana. Possivelmente orem, diante da perfeição em que são talhadas com a genialidade e a inquietude do escultor e pintor. “Eu quero produzir, não vou parar”, enfatiza Marcon.
O bento-gonçalvense Dalcir Marcon nasceu em 15 de fevereiro de 1951. É filho de José e Antonieta Dequigiovani Marcon. Na adolescência , ao ver os colegas da escola Imaculada Conceição desenhando, teve a certeza que era isso que queria fazer. “Naquele ano, até reprovei, porque, durante as aulas, dividia o caderno em duas partes: uma deixava para as lições de aula e a outra metade para os desenhos”, relata o artista, que, também, foi pedreiro. A partir de 1971, começou a fazer letreiros. Ficou nessa área, por cerca de vinte e cinco anos.
Agora, completamente à vontade no ofício de pintor (é criação dele o mural da escadaria  em frente ao colégio Bento, os murais sobre a imigração italiana na Linha Salgado, entre outros) e de escultor ( Cristo Rei, São Roque e Santo Antônio, da linha Pradel, são  obras recentes, entre outras).
Inspiração no andaime
De riso aberto e boa conversa, Marcon se diz apaixonado pelo cinzel e pelo pincel. O material que utiliza é cedro, mogno, cerejeira e canjerana, além de , na parte da pintura , tinta acrílica. Também gosta de contar fatos. ” O importante na vida é ter histórias”, acrescenta. Uma delas, diz respeito à inspiração. “ Eu estava restaurando a pintura interna da igrejinha da localidade de Bracharel, interior de Muçum, cheguei às 6 horas, às 3  horas da madrugada ainda  estava lá. Pensei em dormir, mas às 3h e 40min, voltei ao andaime.” Essa alma de artista, já o caracteriza. “Passo de cinco a oito horas no ateliê”, complementa. Marcon já fez cursos, inclusive, com Vasco Prado e já ministrou aulas também, na cidade de Barão.  Já recebeu recomendações de colegas como Bez Batti  e de empresários que dizem admirarem-se pela  força do artista ao pintar.
Até Ivete se emocionou
Recentemente, a filha dele, Bruna, entregou uma obra do artista, uma capelinha com a Nossa Senhora da Uva, à cantora Ivete Sangalo. E, também, tivemos a oportunidade de ver Marcon, repassando poemas dos convidados do Congresso de Poesia, em outubro, nas vitrinas da cidade.
Casado com Isolda, pai de Samuel e Bruna, ele acha que, às vésperas de seu aniversário de 61 anos, ele produziu pouco. Pouco? Uma coleção de santos, um São Cristovão de aproximadamente  1m e 70 cm e dezenas de serafins e querubins esculpidos para igrejas da região, entre outras obras. Ele ainda apresenta sua peça “xodó”, é uma escultura em bronze, do início de sua carreira, uma mãe com uma criança ao peito.
A santa que Marcon jogou no rio
O artista tem mais histórias: uma delas foi quando, ao concluir as restaurações em Muçum, uma pessoa o chamou e mostrou uma pedra caxambu, cortada alinhadamente pela natureza e disse, quero que você desenhe uma santa ali. Ele atendeu ao pedido. Quando Marcon finalizou a obra, a mulher solicitou a ele, escreva abaixo: por uma graça alcançada.
Outra cena é sobre “o escultor que atirou uma santa no rio”. Ele mesmo, o próprio. Marcon atirou uma santinha de madeira no Rio das Antas para pagar uma promessa. Passados alguns meses, pescadores acharam a santa, que se encontra, agora, em Faria Lemos. 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

À sombra das videiras


As encostas, no distrito de Faria Lemos, pareciam esperar pela chuva, naquela tarde, mas, apesar de necessária, ela não apareceu. Quem compareceu foi um belo entardecer típico de verão na Serra Gaúcha. O trajeto até a localidade brinda-nos com vinhedos, uvas, paisagens rurais e cantinas históricas. Uma riqueza cultural que nos surpreende.
Convidados a participar de uma experiência única junto às videiras da família Cristofoli, fomos recebidos pela enóloga Bruna, na cantina da casa paterna, um ambiente inspirado nas tradições italianas de encher os olhos e o paladar. É o Spazio Del Vino, criado para os visitantes passarem bons momentos degustando os vinhos que levam o sobrenome da família.
Em seguida, Bruna nos convida a carregar uma cesta com o vinho escolhido, a água e as taças. Estamos caminhando até os parreirais familiares, onde uma ideia que surgiu, há pouco mais de um ano, remete-nos ao encantamento visual diante do colorido das almofadas e do edredon estendido à sombra das videiras.
 O sol vai se pondo sobre as montanhas deste distrito, que tem na hospitalidade, na simplicidade e na alegria de sua gente, a marca e a arte do vinho e do canto. Assim, ao desfrutar da sombra dos parreirais, degustando o saboroso cardápio elaborado pela “ mamma”,  numa espécie de piquenique, fomos envoltos pelos sons da colônia, numa atmosfera de recordações e romantismo.
 Além disso, quando a noite chega, é possível acender as velas e as lamparinas que  se encontram suspensas nos ramos das vinhas. Tudo preparado com muito carinho pela família Cristofoli para nos proporcionar uma experiência inesquecível. A atração chama-se “O dolce far niente no edredon”. Um nome bem sugestivo. Para combinar com o entardecer no tempo de vindima. - Crônica publicada na edição de fevereiro do Jornal Integração da Serra de Bento Gonçalves -