Foi muito bom ter sido criança numa rua sem saída. E com primos, muitos primos e primas para brincar. Conforme a cronista Danuza Leão, primos são uma espécie em extinção. E não é que, pensando bem, é por aí mesmo. As famílias eram numerosas, casava-se cedo e fazia-se filhos e festas para comemorar na casa da nonna. Natal, Páscoa, Ano Novo, que privilégio! Tínhamos todo o espaço do mundo para brincar de pegar e esconder. De imitar a Vanderléia - aquela da jovem-guarda- (joga no google). Os meninos lutavam. É que, na época, havia um programa televisivo que se chamava Ringue Doze, de luta livre. Até hoje, não sei, se os resultados eram combinados.
Tudo bem, quem é que quer crescer para saber disso? Queremos mais é brincar na tanoaria do nonno. Ele está muito atarefado, confeccionando barris para comercializar na 1ª Fenavinho. Pela primeira vez, a cidade de Bento Gonçalves vai receber um Presidente da República. Nós poderemos ir à festa para ver a exposição de uvas e brincar no parque de diversões. E o Presidente veio. E meu nonno vendeu seus corotinhos. E o verão de 67 ficou na memória. O século virou. A tanoaria ainda existe, a rua sem saída também. E as festas do vinho continuaram com novos perfis. É o caso da de 2011, que será realizada no outono - de 29 de abril a 08 de maio. Meus primos têm suas famílias. Alguns protagonistas dessa história dormem profundamente. Outros personagens, andam por aí, brincando de esconde-esconde entre portas, cercas, muros, asfalto, espigões, carros, sinais, cercas elétricas, concreto. O que fica é o sabor da liberdade.
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