Roni Dall´Igna considera-se um leitor voraz. O professor, escritor, poeta, pesquisador, revisor de livros e biógrafo diz que, para se formar leitores, é preciso incentivar a leitura, e não fazer da biblioteca um “lugar de castigo”.
Natural de Guaporé, aos treze anos, Dall´Igna veio para Bento Gonçalves para concluir seus estudos no Colégio Aparecida. Na pequena bagagem, o livreto “O Profeta e o Leão”, prêmio que recebera aos 8 anos de idade, na Escola Estadual Bandeirantes, por declamar poesias nas sessões cívicas daquela escola. “Li o livro dezenas de vezes e isto fez a diferença. Mudou minha história e minha vida. Em casa, não tínhamos livros. Quando cheguei ao colégio marista Imaculada Conceição, em Guaporé, para fazer Admissão ao Ginásio, virei rato de biblioteca”, relembra o escritor.
Dall´Igna é professor de Língua Portuguesa e pós-graduado em Literatura Infanto-Juvenil. Foi no tempo do Clássico, na Escola Estadual Mestre Santa Bárbara (onde, mais tarde, lecionou por 20 anos), que a poesia chegou em sua vida. “Naquela época, lia uns três livros por semana. Nosso grupo lia e discutia as obras para mostrar, uns aos outros, que a leitura não era apenas “papo furado”. Quando cheguei na faculdade de Letras, na FERVI, já havia lido muito e ajudava os colegas nos trabalhos”.
Contador de histórias
Casado com Marlene dos Santos Dall´Igna e pai de Conrado, advogado, de Maurício, estudante de Arquitetura e Urbanismo e, de Felipe, estudante de Publicidade e Propaganda, costumava contar histórias (tal qual sua vó fazia para ele) para os filhos dormir. E, na maioria das vezes, inventava as histórias. Ao recontar a história na noite seguinte, os pequenos cobravam os episódios “errados”. Para não errar mais, começou a escrevê-las. Assim, editou seu primeiro livro “O contador de histórias” (contos infantis), em 1982. Depois, vieram Reserva especial I e Reserva especial II (poesias), com a temática do vinho e paródias de poemas conhecidos e o premiado Ave, Poeta, Poesia, Palavra (poesias), em 1987.
Com o colega ator e escritor Asir Beltran, lançou o primeiro volume de I Nostri Proverbi, recolhendo mais de mil provérbios na região de colonização italiana. “Respeitamos a pronúncia de cada família”, conta o escritor. Em 2000, editaram a parte dois, com mais mil provérbios. Em curto espaço de tempo, as edições se esgotaram.
Trajetória de vida
De pintor de casas, logo que chegou à cidade, a professor, a trajetória de vida do escritor, poeta, pesquisador, revisor de livros e, agora, biógrafo tem sua maior parte registrada pela dedicação ao magistério: 32 anos em sala de aula. Conhecido como o professor Roni e com muita história para contar, o que vem pela frente, inclui um Dicionário Gauchesco, em fase final; o livro Nanni Balote, com histórias hilárias e fantasiosas de personagens locais; o dicionário vêneto-português e a biografia de um dos mais importantes empresários da região.
“A produção sempre precisa de novas pinceladas. Assim, ao reler as histórias, faço pequenos reparos. Continuo escrevendo e produzindo. Só paro, no momento de fazer outras leituras. Aprecio nacionais como Érico Veríssimo, Luiz Fernando Veríssimo, Moacyr Scliar, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e tantos outros. Leio tudo o que vem pela frente. Gosto de ler e saborear obras e textos antigos, e também, da arte popular. A leitura muda a vida das pessoas,” finaliza.
“VIA VINO” (paródia de Via Láctea – Olavo Bilac)
Ora direis: “Beber vinhos! Certo
Perdeste o gosto!”E, eu vos direi, no entanto,
que, para bebericá-los, embora experto,
abro todas as garrafas, sequioso, cheio de espanto.
E brindamos a noite toda, enquanto
na Via Vino, o líquido brilhoso
cintila. E, ao ver o copo vazio, saudoso,
inda procuro garrafas no bar deserto.
Direis agora: “Etílico amigo!
que conversas com eles? Que sentido
tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Bebei, para brindar amores!
pois só quem degusta (vinhos e champanhas)
tem paladar arguto, capaz de distinguir licores!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário