No livro " Memórias de um emigrante italiano" de Giulio Lorenzoni, encontra-se uma passagem que discorre sobre a vida dos colonos, no início do século XX, em Bento Gonçalves: " A maior parte dos colonos já está folgada, começa a substituir as casas primitivas de madeira, por lindas casas de pedra, grandes e espaçosas. As estrebarias também são melhoradas e as cantinas, tornadas mais confortáveis, para guardar bons vinhos."
Entendemos o que o historiador quis dizer com "folgados", mas, sabe-se que, daí em diante, o que veio, veio a roldão: uma civilização que dá show de desenvolvimento, pecando, às vezes, na guarda de seu patrimônio cultural, histórico e imaterial (obrigada, arquiteta Marilei, por me fazer entender o que é patrimônio imaterial).Voltando... As marcas deixadas pelo tempo contam a história de um lugar. Que surpresa ao adentrar na Pousada Cantelli, nos Caminhos de Pedra. O lugar foi , primeiramente moradia, em seguida, bem onde estávamos, havia uma estrebaria, costume para aquecer a casa no inverno. Pois bem, o coquetel de inauguração foi servido, no local, que no século passado havia sido uma estrebaria. Em tempos de experiências, o que os Cantelli quiseram nos passar, remete aos quartos da nonna, com frestas no assoalho.
Sim, e daí? Daí que as frestas, o guarda-louças original incrustrado na pedra, lá estão, a me contrariar. O antigo ou o novo?
As linhas retas de móveis sob medida ou a escada original da casa? Um ano de restaurações... e lá está ela..imponente..a casa de pedra que virou pousada com suíte. Em meio à natureza pródiga da Linha Palmeiro.
Que experiências viverão seus hóspedes? Sabe-se que o turista quer o simples, o familiar, o aconchegante, a natureza, o sotaque e o braço forte do colono.
Estão orgulhosos os primeiros colonos...com suas pedras colocadas uma a uma, para a construção de um destino. Um destino turístico, claro, para o século XXI desbravar.
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