- Keka, quer um anel? E ela queria, mas o anel não serviu. Ela contentou-se com algo para comer e um real. Vinha com o copo de cachaça na mão, às 9 horas da manhã. Bom, desnecessário dizer, que a cena deplorável, alargava-se ao olhar suas vestes sujas, seus dedos escuros,seu cabelo pra lá de... Tinha sinais de violência.
O que me levou a abraçar a keka?
Sentimentos bombardeados aos sete ventos...e quase nunca demonstrados?
Cheguei a pedir:
- Keka, larga dessa vida??
Soou patético. Ela entendeu, eu acho. Mas, queria mesmo o real para o crack.
Keka é uma mulher, a obra-prima da Criação, já a vi, sendo escurraçada de comércios no centro, há algum tempo . Agora, parece que convive bem...
Aqui perto de casa, a andarilha keka, projetou seu apê. Em pedaço de terreno, com um muro alto, ela colocou colchão e brinquedos. Diz aí, minha psicóloga...
Vinha à noite, organizar seu apê. Ah, com banheiro. Era ali mesmo, tudo ali mesmo.
Dava-nos sustos. Ao pular o muro, com a agilidade que me faltava. Dizem que era modelo. Mito, lenda??
Pois, é...
Eu abracei a Keka, alguém vai abraçar a causa?
O Bicho
“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem”. Manuel Bandeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário