Sejam bem-vindos (as) !!!!!!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Há exatamente um ano, com ajuda da Bruninha do Integração, eu estreava no blog. Alguém dizia: - é "tipo assim" um diário.  Para quem andou pelas bibliotecas de escola, pelas bandas de uma tipografia, pelas encadernações de uma gráfica e por correções de provas, um diário parecia bom. Porém, em tempos de redes sociais, o meu diário ganhou o mundo. Com biografias, memórias, desabafos, opiniões, poemas, divagações e desejos. E os desabafos ganharam proporções, que, nem mesmo essa humilde blogueira, ousaria imaginar. Primeiro, o post das rosas...ah, as rosas...a população e eu clamando pela volta das rosas na pracinha... e, não é que deu certo!. Segundo, a memória da cidade ecoou a ponto de que aqueles que querem falar sobre a história da cidade me consultarem. Terceiro: deixar registrado aqui um ano importante para meu crescimento pessoal, faz-me ir lutando em busca da palavra perfeita e do ponto e vírgula. Sim, eu ainda coloco um ponto e vírgula, de vez em quando, nos meus posts e na minha vida. Mas, depois dessa pausa... a criatividade aflora e vamos em busca das orquídeas, das azaleias, das uvas, dos ventos e dos amores. E por falar em  palavras, transcrevo, um dos poemas de que mais gosto. 


          O Lutador

Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue…
Entretanto, luto.
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.
Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.
Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
aquela sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.
O ciclo do dia
ora se conclui
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.
Carlos Drummond de Andrade                                        
  Feliz Aniversário, blogdajanete!


4 comentários:

Arione Torres disse...

Oi Janete, muito lindo o poema! Parabéns!
Tenha um ótimo final de semana, bjus...

Blog da Janete disse...

Olá, Arione
Esse é de um dos nossos mestres, Carlos Drummond de Andrade
Obrigada
Boa semana
Bjos

Arione Torres disse...

Oi minha linda, tenha um ótimo final de semana, bjinhos...

Blog da Janete disse...

Olá, amiga
Obrigada, pra vc também
Muito sol iluminando a sua vida
Bjos