A ti, amor, este dia.
A ti o consagro
Nasceu azul, com uma asa branca na metade do céu.(...)
Apenas, de longe, lá do sonho.
o pressenti e apenas
me tocou seu tecido de rede incalculável
Eu pensei: é para ele.
Foi um latejo de prata
Foi sobre o mar voando o peixe azul,
foi um contato de areias deslumbrantes,
foi o vôo de uma flecha
que entre o céu e a terra
atravessou meu sangue
e como um raio recolhi em meu corpo
a desbordada claridade do dia.
É para ti, amor meu. (...)
A ti, amor, este dia.
Como uma taça elétrica
ou uma corola de água trêmula,
levanta-o em tuas mãos,
bebe-o com os olhos e a boca,
derrama-o em tuas veias para que arda
a mesma luz em teu sangue e no meu.
E te dou este dia
com tudo o que traga:
as transparentes uvas de safira
e a aragem rompida
que acerca de tua janela
as dores do mundo.
Eu te dou todo o dia.
(...)
Tudo te pertence.
Toma este dia, amado.
Todo este dia é teu
Se o dou a teus olhos, amor meu,
se o dou a teu peito,
deixo-o nas mãos e no pêlo...
Quando chegar a noite
que este dia inundará
com sua rede trêmula,
estende-te junto a mim,
toca-me e cobre-me
com todos os tecidos estrelados
da luz e da sombra
e fecha teus olhos então
para que eu adormeça. ( Ai, ai, ...Pablo Neruda, onde quer que esteja, obrigada por este poema)
Azul sobre azaléias - Vale dos vinhedos ( Janete) |
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